Bailarina. Quarentena. Pausa.

São tempos difíceis e carregados de sentimentos nessa quarentena não há como negar. Se nos dissessem em 2019 que em 2020 começaria com uma pandemia que paralisaria o mundo com um vírus, muitos não acreditariam (ou ninguém acreditaria, né?). Porém o ano de 2020 chegou e com ele veio isolamento social que hoje já é uma realidade em nosso país.

Mas hoje viemos aqui falar sobre a dança no meio disso tudo. E o que esse tema tem em comum?

A dança é composta de diversos elementos: O movimento bem pensado, os passos colocados na hora certa, o encaixe dos ossos e a respiração profunda e contínua. A bailarina precisa ter muita consciência quando está fazendo uma barra em sala de aula e também quando está em cima do palco executando uma sequência difícil. Precisa entender quando a música tem uma parada drástica e precisa permanecer em pausa. Permanecer em pausa.

Pausa, essa palavra que antes nos soava como um elemento coreográfico, hoje se tornou o grande coreógrafo de nossa realidade. Famílias que interromperam suas atividades, viagens e trabalhos. Bailarinas que não participaram daquele tão sonhado festival, mães que estão se virando em casa com seus filhos e nós, nós bailarinas que aguardamos ansiosas a hora do dia em que vamos nos movimentar de alguma forma.

A pausa. A pausa na escola a pausa na nossa rotina e a pausa da dança. Mas será que mesmo em casa isolados estamos em pausa de movimento?

Convidamos duas alunas para falar um pouco sobre como está sendo essa experiência bailarinística em casa.

Julia Bianchi, 11 anos, Bailarina CIA juvenil

Essa quarentena está sendo difícil, creio que não só para mim, mas também para todas as minhas amigas bailarinas. Durante ano de 2019 nos preparamos intensamente, muitas aulas, ensaios, variações para que a chegada de 2020 nos trouxesse tantas coisas mais, porém tudo isso aconteceu. Estar em casa vendo tudo ser adiado e cancelado. Quero poder voltar a dançar na sala de aula pois dançar em casa não é a mesma coisa. Tenho um grande privilegio, pois, meus pais preparam um cantinho muito especial para mim para que eu pudesse dançar em casa, hoje em casa tenho barra e linóleo, mas quando estou na sala de aula a mágica acontece, me imagino em um grande palco dançando para Deus com toda a plateia assistindo é um sentimento diferente e único. E, casa busco otimizar meu trabalho enquanto bailarina neste período que estou em casa. Em casa tenho buscado trabalhar exercícios que geralmente tenho maiores dificuldades. Resumindo só quero que tudo isso passe logo.

Edilaine, aluna ballet adulto e mãe de bailarina

Fiz balé quando era adolescente, retomei com quase trinta anos e minha filha começou a fazer ballet também. Tanto eu quanto ela estamos fazendo as aulas ao vivo em casa. Logo após a primeira aula online, veio aquela sensação ótima que só quem dança tem, um misto de felicidade com dores em músculos que esquecemos que temos. Masssss, ainda assim, não é a mesma coisa. A gente sente falta da aula, aula, da professora corrigindo de perto, mostrando os exercícios, das conversas com as colegas, das brincadeiras, da diversão, da companhia das pessoas queridas da turma, da sala, da barra, da diagonal e até das broncas… Não vemos a hora de voltar pra Dom!

Esperamos que durante essa quarentena possamos aproveitar o tempo da melhor forma. Nos conhecer ainda mais como bailarinas e otimizar nosso trabalho mesmo que em casa. Que essa pausa nos motive. Que essa pausa não impeça você de estar em movimento!

Vamos continuar dançando? Logo mais estaremos todos juntos novamente.